Miguel Rafael Acea Baró havia chegado fazia poucos meses de
Cienfuegos, Cuba, para trabalhar no posto de saúde do Tucão, em Vilar
dos Teles, na Baixada Fluminense, quando sentiu na pele, pela primeira
vez, o preconceito. “Fui à casa de um paciente idoso e ele falou para
mim que não queria ser atendido. Disse que eu era muito jovem. ‘Mas eu
tenho 50 anos!’, respondi. Ele disse que não, que eu era cubano…”,
lembra.
Dias depois, a filha do paciente correu ao posto de saúde onde Miguel
trabalhava. O pai estava passando mal. “Eu fiz o que tinha que fazer
como médico: atendi ele. E isso mudou aquela imagem. Depois de um dia,
ele fala para a filha: ‘Vamos fazer um bolo para o médico, porque ele é
ótimo’. Isso marcou minha vida”, sorri o esguio e agitado senhor, com o
estetoscópio sempre pendurado no pescoço. Miguel continuou tratando o
paciente por quase um ano, até a sua morte. “Entendi que o principal é a
comunicação entre médico e paciente. Ele ouvia falar muito mal dos
cubanos, mas não conhecia nenhum”, conclui. Mai em : https://apublica.org/2018/02/por-onde-andam-os-medicos-cubanos/